Conheci um homem
que todas as manhãs subia por uma rua.
Quando
estava quase anoitecendo ele descia a mesma...
Depois de
anos vendo tal fato, estranhei quando ele não apareceu mais.
Sempre ao
amanhecer quando eu olhava aquela rua,
a lembrança
daquele ser surgia na minha mente.
O que teria
acontecido para ele nunca mais voltar?
Encontrei um
amigo dele que muitas das vezes o acompanhava,
na subida ou
na descida.
Então
questionei o tal desaparecimento.
E este amigo
respondeu bem assim:
–É um Cigano, e está sempre
caminhando...
–Ás vezes se acomoda, mas não
por muito tempo.
–Tem o habito de conquistar novos
horizontes.
–Esta rua é apenas um pedacinho
do caminho que ele andava num dia inteiro.
–A impressão é que pretendia
atravessar o tempo, ir ao encontro das estrelas...
–Hoje não sou capaz de lhe assegurar
sobre o paradeiro dele.
–Pode estar ao norte ou ao sul.
–Pode estar na noite ou no dia,
já que um Cigano percorre o mundo inteiro.
–Depende do lugar que ele
esteja, pode estar vendo as estrelas,
ou pode
estar sendo iluminado pelo sol.
–Pode estar fitando o amanhecer
ou pode ser que ele esteja apreciando o arrebol.
–Com certeza deve estar subindo
muitas ruas que não podemos ver.
–E descendo por várias quando
vem chegando o anoitecer...
Nunca mais
eu o vi. E a minha vida seguiu em frente...
A sombra da recordação
sempre me trouxe a mesma visão:
Do Cigano
subindo, do Cigano descendo.
Parece que
ele esculpiu na rua a própria imagem...
Subia e
descia; só que antes eu não sabia...
Que era um Gitano,
e estava só de passagem!
Janete Sales Dany
O trabalho Ele esculpiu na rua a própria imagem... de Janete Sales Dany está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
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