segunda-feira, 20 de julho de 2015

Ele esculpiu na rua a própria imagem...




Conheci um homem que todas as manhãs subia por uma rua.
Quando estava quase anoitecendo ele descia a mesma...
Depois de anos vendo tal fato, estranhei quando ele não apareceu mais.
Sempre ao amanhecer quando eu olhava aquela rua,
a lembrança daquele ser surgia na minha mente.
O que teria acontecido para ele nunca mais voltar?
Encontrei um amigo dele que muitas das vezes o acompanhava,
na subida ou na descida.
Então questionei o tal desaparecimento.
E este amigo respondeu bem assim:
É um Cigano, e está sempre caminhando...
Ás vezes se acomoda, mas não por muito tempo.
Tem o habito de conquistar novos horizontes.
Esta rua é apenas um pedacinho do caminho que ele andava num dia inteiro.
A impressão é que pretendia atravessar o tempo, ir ao encontro das estrelas...
Hoje não sou capaz de lhe assegurar sobre o paradeiro dele.
Pode estar ao norte ou ao sul.
Pode estar na noite ou no dia, já que um Cigano percorre o mundo inteiro.
Depende do lugar que ele esteja, pode estar vendo as estrelas,
ou pode estar sendo iluminado pelo sol.
Pode estar fitando o amanhecer ou pode ser que ele esteja apreciando o arrebol.
Com certeza deve estar subindo muitas ruas que não podemos ver.
E descendo por várias quando vem chegando o anoitecer...

Nunca mais eu o vi. E a minha vida seguiu em frente...
A sombra da recordação sempre me trouxe a mesma visão:
Do Cigano subindo, do Cigano descendo.
Parece que ele esculpiu na rua a própria imagem...
Subia e descia; só que antes eu não sabia...
Que era um Gitano, e estava só de passagem!

Janete Sales Dany
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